Área da fogueira

Quando anoiteceu grande parte dos alunos já estavam em volta de uma fogueira que foi acesa perto do chalé refeitório, alguns tocavam violão, tinha muito falatório e alguns casaisinhos. Eu tirava o celular do bolso a cada instante para ver as horas, o que só fazia o tempo parecer passar mais lentamente.
Nos despedimos há mais de uma hora, na frente do chalé das alunas e eu ainda não conseguia acreditar que finalmente estávamos realmente juntos. Até agora nem sinal de Amy ou alguma de suas amigas mais próximas, o que provavelmente significava que ainda estavam se arrumando.
Uma professora pediu a atenção de todos e falou que tinha uma mesa de frutas e canapés dentro do refeitório, o que fez um bocado de gente entrar para comer. Continuei ali vendo o fogo tremeluzir, até que ouvi a voz conhecida de Lexi aos berros, discreta como sempre, e simplesmente soube que Amy estaria com ela, porque quando Alexis não estava pendurada no pescoço de algum cara, estava com a melhor amiga.
- EU QUERO VER VOCÊ PULAR FOGUEIRAAA!!! – ouvi Lexi gritar enquanto saía de perto das amigas, que também se dispersaram, restando apenas Amy que abriu um sorriso fofo ao me ver.
Indiquei que sentasse do meu lado, não era muito confortável, mas os bancos de madeira eram a única opção naquele lugar.
- Cadê todo mundo? – ela perguntou vendo o lugar bastante vazio.
- Entraram para comer, tem petiscos lá dentro, ou sei lá o quê. – comentei sorrindo e a puxando para perto. – Aliás, você está linda, como sempre.
Ela sorriu bagunçando meu cabelo, nós havíamos passado a tarde inteira juntos e eu parecia sentir mais saudades do que era capaz de suportar, como se cada instante longe dela fosse equivalente a um tempo muito longo.
Afaguei seus cabelos cuidadosamente, não queria despenteá-la, então deslizei a mão para sua nuca e deixei roçar nossos narizes.
Era bom, eu poderia fechar os olhos, o tempo passaria e não faria diferença. Palavras eram desnecessárias, apenas nossas respirações se misturando e o frio da noite fazendo a vontade de nunca mais desgrudar só crescer.
Senti seus braços em torno do meu pescoço e levei meu outro braço para suas costas, seria sempre assim, a ansiedade antes de beijá-la, mesmo já tendo feito isso um milhão de vezes.
Ela estreitou a distância ainda mais pousando a boca sobre a minha, seu hálito tinha cheiro de alguma coisa que eu não consegui identificar, mas era viciante. Nunca imaginei que um dia eu sorriria daquele jeito depois de um simples selinho.
A verdade é que com ela, nada era simples. Nada era pequeno.
Tudo era muito cheio de importância e significado, e era isso que me deixava completamente confuso. Uma confusão muito boa.
Sem tirar a mão da sua nuca, aprofundei o beijo, aproveitando o calor da fogueira e o barulhinho da madeira queimando, pensando com algum canto da minha mente no quanto aquilo parecia saído de algum daqueles filmes melodramáticos de mulherzinha.
- Eu te amo, Amy. – me ouvi dizer de maneira involuntária quando afastamos os lábios, e distribuí beijinhos por todo seu rosto, observando satisfeito o sorriso dela.
Então eu soube que aquela noite ficaria para sempre no ranking das melhores noites da minha vida.