Sala de aula (1º Período)

Logo depois do término da aula,fomos em direção a sala de aula onde teríamos aula de composição.
- Nossa,que longe.. - Tagarelei para Zayn que parecia dormir em pé,avistei Lou e os meninos se arrastando até a a sala,ri da cena,pensei em chama-los pra sentar conosco,mais desisti assim que recebi um olhar curioso e nada feliz de Zayn.De novo.Chegamos na sala e sentamos em uma fileira da fileira do canto mais afastada,por que,de acordo com Zayn "dormir vai aqui vai ser moleza"

A aula acabou e Justin e eu estávamos saindo da sala quando o professor o olhou de cima a baixo e alertou os alunos de que devem dormir mais cedo para a próxima aula.
- Depois dessa olhada, acho que é melhor você dormir agora. - Disse soltando uma risadinha da tentativa fracassada dele de ajeitar o corpo diante da reprovação do professor.  - A próxima aula será de composição, aproveita. - Falo mexendo os dedos como se isso fosse algo mágico.
Sigo as pessoas tentando acompanhar o ritmo delas, que era bem descompensado por alguns alunos estarem literalmente se arrastando, até a próxima sala. Finalmente cheguei na hora certa. Em outra aula sentaria na frente, mas prefiro sentar atrás e não ser notada nas matérias que eu provavelmente vou odiar.
Acho que Justin iria sentar atrás em qualquer aula de hoje, ele levou a sério o conselho sobre a mágica de dormir na sala por que ele apagou. Confesso que eu também, mas ele dormiu antes que o professor parasse de falar as coisas profundas e entrasse no assunto “minha vida é uma poesia” que foi a última coisa que eu lembro ouvir antes de acordar com o som das pessoas se levantando.  
Estou com fome, então pergunto a um garoto lindo e simpático que estava atrás de mim se já está na hora do almoço, ele disse que já podemos ir para o refeitório. Quero colorir o cabelo do Justin com meu gloss, mas realmente estou com fome, então chamo o coitado, sem ter certeza se ele realmente acordou, enquanto ainda tem gente saindo para o refeitório para que eu possa seguir e não ficar perdida com fome e um garoto de ressaca.

Entrei na sala de aula e me joguei numa das cadeiras da primeira fileira, ao lado de uma grande janela. Olhar a paisagem sempre me ajudava a pensar.
Rolei os olhos quando Martim jogou a mochila na cadeira a meu lado e perguntou se podia sentar ali, o fato de eu não ter dito nada e ter apenas afundado o rosto entre as mãos deveria ser o suficiente para ele sair, mas eu havia me esquecido que ele era um tanto lento.
Por sorte, o professor entrou logo na sala, um senhor sorridente de cerca de setenta anos, usando um chapéu e carregando pilhas de partituras.
---
PROFESSOR TOM JOBIM:
- Bom dia alunos! Me chamo Sr. Jobim, e leciono composição, será uma honra guiá-los pelos lindos caminhos da descoberta das letras e melodias que já existem dentro de cada um, vamos trabalhar juntos para extrair de dentro destes coraçõezinhos um jorro de emoções ainda desconhecidas...
---
O professor passou todo o tempo de aula falando da própria vida, a maior parte dos alunos dormiu antes dele chegar na parte em que se apaixonou por uma garota de biquíni, na década de cinquenta.
Então quando o sinal tocou, tinha mais gente limpando baba do que tudo, e mal consegui conter uma risada, para frustração geral, ele continuou falando mais dez minutos sobre a ditadura no Brasil, então liberou a turma para o almoço.

Acordei com o professor falando algo sobre ditadura em um país de terceiro mundo, já ia seguir com Violet para o refeitório quando Niall me cutucou insistentemente dizendo que eu tinha que ir com ele a "um lugar".
- Vi, te vejo nas aulas da tarde então... - falei já sendo puxado pelo braço pelo garoto que parecia ter que tirar a mãe da forca, jurei que se estivesse me tirando de perto dela por alguma coisa estúpida eu o mataria.

Mal consegui acreditar quando vi Zayn sendo carregado para fora da sala, Violet estava a meio caminho da porta e pareceu um tanto confusa com a cena.
Eu já havia trocado algumas palavras com uns alunos veteranos, o suficiente para saber que o refeitório estaria cheio demais a esta hora, então parei ao lado dela animado:
- Vi! - falei cumprimentando-a. - Vamos almoçar na lanchonete? Dizem que lá servem uns petiscos, e que esta hora o refeitório está cheio demais para encarar, o que acha?

-Ah,por mim...melhor ainda,to morrendo de fome e odeio filas! - Disse,puxando ele pelo mão e arrumando espaço no meio do mulão de gente que resolveu passar na mesma hora que nós.Quando finalmente o mulão passou por nós me dei conta de que ainda segurava a mão do Lou,e soutei rapidamente,e que,eu não fazia a menor ideia de onde aquele lugar ficava!
-Lou querido,você ao menos sabe onde fica esse lugar? - Perguntei nervosa.

- Claro. - pisquei um olho. - Fica no terraço, dizem que a vista de lá é incrível. - Falei indo para as escadas enquanto ela me seguia.
- Espero que os petiscos sejam realmente porções generosas, porque não tomei café e realmente estou com muita fome.

- Deixe-me adivinhar,ficou bebendo a noite toda com os meninos e quando acordou estava atrasado pra aula,acertei? - Perguntei curiosa.

Voltei pra sala e ainda não tinha ninguém lá, exceto por uma cabeça dormindo lá no fundo. Uma cabeça de cabelo loiro e liso e do lado da minha cadeira... Justin. Começo a rir desesperadamente sozinha quando me dou conta de que eu larguei o moleque dormindo de ressaca e fui almoçar com o garoto sóbrio e falante, que conhece a escola e quer ser uma pessoa melhor esse ano do que foi ano passado. Não sei se devo me sentir culpada até porque eu acordei o Justin, ele dormiu de novo porque quis ou porque não acordou de verdade naquela hora.
-Hey, acorda! -Digo morrendo de rir ainda da porta da sala como se ele fosse me ouvir. Eu devo acordar ele porque ele não almoçou e também não deve ter mais comida no refeitório, mas ele tem que fazer um lanche para sobreviver até o final do dia pelo menos.
Me recupero da crise de risos e subo até o final da sala. -Justin, acorda! -Digo mexendo nos fios louros da cabeça do garoto até ele sacudir a cabeça pra eu tirar a mão do cabelo dele e olhar pra cima com o rosto amarrotado.
-Você dormiu o almoço inteiro, já descansou, precisa comer, levanta logo porque a aula já vai começar! -Falo me afastando.

- O quê? - murmurei abrindo os olhos assutando. - Quem...
Parei de falar quando vi a sala vazia e os enormes olhos da Marie me encarando.
Ela estava rindo muito e dizendo coisas que eu não consegui entender porque estava com uma dor de cabeça infernal.
- A aula já acabou? - Perguntei lerdamente. - Vamos almoçar?

-Já acabou a hora do almoço! -Disse revirando os olhos quando percebi que ele ignorou o que eu tinha acabado de falar -Eu te chamei e você não veio... Pelo menos descansou bem hein! -Sentei e cruzei os braços um tanto chateada com ele ou comigo... não sei bem. -Teve bons sonhos?

- Que sonhos? Eu pisquei no início da aula e agora você me diz que o almoço já acabou? - murmurei levando a mão até a cabeça, aquela dor estava realmente ruim, já tive muitas ressacas mas a de hoje vai entrar para a história. - Acho que preciso de um analgésico... pode ir comigo no setor médico?

Quero mandá-lo dormir de novo, mas acho que ele já dormiu o suficiente pelo dia. -A aula já vai começar, pede para a professora quando ela chegar! -Digo emburrada, já banquei a babá o dia inteiro e saio uma horinha pra almoçar ele esquece de acordar e ainda quer que eu chegue atrasada na aula.
-Eu posso ir com você, mas se a professora deixar! -Disse o mais séria que consegui -Já me atrasei pra muitas aulas -Murmurei.

Olhei para ela com o semblante decepcionado, mas entendi. Ela não sabia que foi o motivo principal de eu ter chego no alojamento e enchido a cara, porque estava frustrado comigo mesmo.
Depois que ela saiu de perto de mim na festa, eu simplesmente não consegui ficar com nenhuma outra garota, e o fato de o nome dela não sair da minha cabeça começou a me preocupar, eu tinha que ficar com ela outra vez para provar a mim mesmo que não era nada demais.
- Tudo bem, quando a professora chegar vou pedir um passe. - murmurei encostando na cadeira. - Você teve um bom almoço?

Quero falar "almocei com um garoto legal enquanto você estava dormindo" sorrindo, mas não consigo ser tão dura e indiferente. -Foi ótimo! -Falo animada.

- Que bom. - falei ouvindo meu estômago roncar, e nem sinal da professora aparecer. - Eu só quero que hoje me sirva de lição para nunca mais encher a cara antes das aulas, mas sinto que terei problemas com isso.

Quero dizer que larguei ele dormindo e fui almoçar com um garoto legal, que conhece a escola e que quer fazer melhor esse ano do que fez ano passado, mas não sou tão má. -Foi ótimo! -Digo sorridente -Conheci um lugar lindinho! -''Com um garoto mais lindo ainda'' pensei.

Eu não era idiota. Ela estava feliz demais para quem foi só no refeitório comer, seus olhos brilhavam e estava mais sorridente do que pela manhã.
E conheceu um "lugar" lindinho.
Aposto que não estava sozinha, e não sei por que, mas aquilo me deixou com uma raiva quase incontrolável, esqueci da dor de cabeça e da fome, de modo que sorri de lado e aproximei meu rosto do seu.
- Lugar lindinho? Conte-me sobre... - murmurei em seu ouvido. - Melhor, me leve até lá no intervalo. - afirmei piscando um olho. - Aposto que vou achar o lugar uma bela porcaria, porque somos diferentes assim.
Toquei a bochecha dela com o indicador, contornando sua maçã do rosto.
- Se este for o caso posso comprovar minha teoria...

Ele tem razão somos completamente diferentes.
-Fica perto do refeitório, vai lá e descobre se gosta -Falo diminuindo o sorriso e me afastando -Até porque tenho certeza de que se você for comigo vai gostar... -Digo ainda sorrindo e tentando diminuir a raivinha que eu estou das mil observações sobre o lugar que conheci no almoço.
-A professora e o resto da turma estão atrasados, mas pelo visto você nem vai precisar de um analgésico! -Digo olhando no relógio de pulso dele.

- Seu sorriso cativante deve ter poder de cura. - murmurei irônico. - Ou talvez seja sua docilidade feminina.
Sorri para amenizar a brincadeira, não queria uma Marie brava do meu lado a aula toda.
- Perto do refeitório? Dizem que tem um "pegódromo" lá, mas pouca gente conhece. Um garoto repetente lá do alojamento estava se gabando de já ter levado umas quinze garotas para lá no ano passado... - comentei tentando voltar com a conversa normal.
Ela realmente não tinha nada de docilidade feminina, mas a graça estava justamente aí, era diferente de todas as outras e aquilo estava me deixando afim de passar mais tempo com ela, era de certa maneira bom conversar com alguém que não dava respostas prontas, e me forçava a pensar.

-Pegódromo? Quinze garotas? Se gabando? -Solto seguidamente sem ter tempo de pensar em disfarçar antes de dizer. Eu estava rindo das piadinhas dele sobre minha docilidade, mas quinze garotas em um ano e só naquele canto me fez perder a vontade de rir idiotamente. E pensar que ainda tenho que conhecer os outros cantos da escola com ele.
Pode ser mentira, apesar de não acreditar muito nisso, e ele pode ter dito aquilo para os garotos ontem pra se gabar, mas mesmo assim não acho muito legal usar isso pra sair falando por aí. E o pior é me levar para o tal "pegódromo" com a desculpa do refeitório estar cheio sem me dizer exatamente para onde estamos indo.
-Eu não sei se foi aí que eu fui não, mas se quiser pede pra esse garoto te levar, talvez ele tenha um sorriso cativante... -Falo tentando concertar o meu susto inicial.

Torci a cara quando ela falou do sorriso do cara.
- Hey, eu não vou a lugar nenhum com o pedreirão da escola! - falei entrando em uma crise de risos. - Eu já estava bêbado antes dele terminar de falar das pegações do primeiro mês de aulas, é muita falta de medo de uma doença venérea...
Marie tinha uma expressão indecifrável no rosto, e eu comecei a suspeitar de que ela talvez soubesse exatamente de quem eu estava falando.
- É sério, fiquei com medo até de usar o mesmo banheiro que aquele cara depois daquilo. - acrescentei.
Se ela podia ser levada a pegódromos por caras que agem como pedreiros, o mínimo que eu devia fazer é alertá-la sobre os riscos.
- Mas vamos parar de falar da vida alheia, certo? Me diz uma coisa, o que achou da festa de ontem? - sorri maliciosamente.

-Legal! -Digo desanimada depois de ouvir tudo aquilo, parece até que ele sabia que eu tinha almoçado com o repetente e estava acabando com o cara de propósito. Será que deixei tão na cara assim?
Me encosto na cadeira tentando recuperar o ânimo e parar de pensar no Zac com um capacete de pedreiro cantando as garotas no caminho do banheiro até a sala.
-Então, pelo visto ninguém vai dar aula hoje, ainda está com fome? -Falo na intenção desesperada de mudar de assunto e sair pra me distrair conversando com a tia da cantina ou qualquer um que me aparecesse.

Eu realmente tinha perdido a fome, estava falando de doenças venéreas, não conseguiria comer tão cedo.
- De verdade, não quero comer nada. - meu estômago já não roncava, e as memórias da noite anterior começaram a voltar na minha cabeça.
E os dois beijos que roubei dela me fizeram querer roubar outro ali mesmo.
- Sabe, eu gostei da sua roupa de árvore de natal. - comentei aleatoriamente. - Pena que não era uma festa a fantasia... - brinquei pegando uma mecha de seus cabelos e enrolando no dedo. - E eu ainda quero cantar com você outra vez, foi interessante.